sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ócio do ofício

 

"Ócio do Ofício"

                  Já ouviste falar na expressão "ócio do ofício"? Não? Pois bem, essa expressão é usada, em um de seus significados, pra designar o ócio que um trabalho repetitivo gera em nossa mente. É a hora em que há um esvaziamento de nossas cabeças a ponto de nos fazer refletir profundamente, e com grande atenção, a assuntos que geralmente nem pensamos em nos preocupar.

                 Fato é que hoje, e vejam só, tomando um banho, gerei um ócio que me fez pensar sobre falta que esse ócio faz. E mais, sobre se ter um trabalho desses repetitivos, entediantes, forçados, é realmente algo ruim. A conclusão que cheguei é simples: Vivemos em tempos de uma evolução assustadora da tecnologia e de um estágio cada vez mais avançado da globalização, com meios de comunicação cada vez mais eficientes, com meios de alienação cada vez mais eficazes, com meios de controle populacional cada vez mais precisos; que qualquer momento de ócio nos faz ir longe. É como se de repente nos desligássemos de uma realidade e nos planássemos em outra. Mas o ócio do ofício não precisa necessariamente vir, e isso é importante, de um trabalho forçado, a contra-gosto. Podemos praticar exercícios físicos, por exemplo; podemos praticar natação!

                Eu cito natação porque particularmente tenho um apego especial a esse esporte. A água da piscina isola nossos ouvios, literalmente submergimos a um outro plano, estamos só entre nós mesmos e a água. Depois de um tempo de experiência e prática com a natação, passamos a nadar por horas sem parar, e nem percebemos. Acontece que o exercício de nadar gera um ócio tão perfeito que o tempo, como diria Einstein, se torna mesmo relativo. Nadamos o nada, e o nada nos nada.

                Mas por que não falo do Ócio do ócio? Bom, deveria parecer óbvio, mas não custa explicar. Não falo do ócio do ócio porque, justamente, esse ócio na sociedade conteporânea é quase uma Utopia, da mesma forma que genuínos Filósofos o são. Quem não tem ocupação, ganha. O número de pessoas hoje que se reserva um tempo pra refletir é quase nulo, se compararmos a proporção. É interessante fazer essa experiência: reserva-te um tempo pra refletir, verás que esse tempo não durará muito, e o tempo que durar, será ocupado por pensamentos que não serão genuinamente reflexões descompromissadas com a realidade objetiva. Mas o que é realidade objetiva e subjetiva? É, terei que deixar isso prum próximo post.

Portanto, caros leitores, pratiquem o ócio do ofício, é o que vos resta se não quiserdes de repente esquecer da vossa existência e afogar-vos no frenético mar da indiferença.



Consuma para viver, não viva para consumir!


                               Nós da classe média estamos ferrados, ah, quer saber a palavra é FUDIDOS mesmo! Estamos carregando o peso do mundo em nossas costas, classe de “m”!
Mas por pura escolha, que fique claro.
                               A classe média é burra, mas burra  “estudada” no exterior, com muito bom gosto e orgulho. Quer ter tudo o que a  classe alta tem, a diferença é que ela não pode, mas isso nem de longe é problema.Então se matam para comprar um carro  importado, mesmo que para isso seja necessário arrastar um rabiola de 50 meses para pagar, sem seguro, com IPVA atrasado e gasolina sempre na reserva.Moram em bairros  teoricamente de “gente fina”, de aluguel, e morrem numa fortuna em um condomínio que geralmente contempla a manutenção de piscina, sauna, quadra de tênis, espaço gourmet, sala de cinema, academia, business center e o escambau a quatro… Aí que vem o pior, se o infeliz usar a metade da estrutura duas vezes por ano é muito, porque o resto do ano estará se matando de trabalhar para pagar  ou cansado demais para aproveitar.
                              O gerente daquela  loja famosa “M” mora no bairro tal, o point do momento. Mas não basta morar, tem que mostrar, então a decoração foi feita por fulaninha de tal, que está na Casa Cor , a TV de led de 52 polegada é a mais moderna e  tem todos os “Is” do mundo, Ipad, Ipod, Iphone, Imac.. nesse caso quase que imprescindível, afinal de contas ele precisa contar onde está e mostrar as fotos no Facebook…patético. Ninguém posta o seguinte: “Fulano de tal está no banco negociando a dívida do cheque especial.”
                             Ah, e quando negocia pergunta o que faz? Vai para o shopping comprar o tênis de R$500,00 para o filho ir para a escola, ( tênis de marca) porque “todo mundo tem”! Viver sem empregada,  lavadeira e passadeira? Ficou maluco!? Trabalho de casa é inglório e estraga as unhas. Falando em unhas, a representante típica deixa de almoçar mas não fica sem o salão semanal, a escova progressiva e o botox.Ah, e é claro, isso tudo para o se mostrar para aquele povinho daquela cidade onde eu nasci que eu estou por cima.
                             E nisso a vida vai passando…um dia a gente morre e deixa, além desse enorme “legado”, filhos vazios, relações superficiais, um monte de dívidas e um passivo ambiental gigantesco. Será que terá valido à pena?
Definitivamente precisamos aprender a consumir com consciência ou a vida nos consome.
Pense nisso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário